Sorriso 131
Na década de 70 um dos grandes eventos para todas as famílias cariocas era o almoço de domingo. Não que hoje seja diferente, mas os rituais mudam.
O Domingo era um dia para colocar roupa nova, ou aquela menos usada, usar muita Alfazema e na maioria das vezes ir comer carne.
Sim, carne.
Pegar a Av. Brasil rumo a Gaúcha era bem divertido mas lembro que a bordo de nosso Chevette Creme (ou era o Branco?) eu sempre enjoava.
Para passar o tempo e espantar o marejar rolavam uns tapas no banco de trás. Era muito pouco espaço para eu e meu irmão. Bastava um olhar do meu pai pelo retrovisor ou um berro da minha mãe e a ordem voltava ao assento traseiro. Tempos de exceção.
Já na porta da churrascaria o aroma invadia tudo.
Na fila a gente podia ver o balé dos garçons carregando os espetos lá dentro.
Mentalmente escolhia o cavalo que iria galopar depois. Não, não é davaneio. Na Gaúcha tinha uns cavalinhos para a molecada cavalgar depois do almoço. Um risco e tanto penso agora.
Dentro do salão eu ficava embevecido de ver os espetos de carne indo e vindo, pingando, cheirando, oferecidas. Lindo demais.
A paixão nasce de formas diferentes.
Por isso ao passar a caminho da locação em Saracuruna e avistar o local, pelo olfato primeiro, foi amor a primeira vista. Ali estavam alcatras, contra-filés, sobre-coxas, linguiças, nacos de tentação ardendo em chamas, loucas para serem mordidas.
Decretei para equipe:
- Vou voltar aqui, quem tá dentro?
Adesão em massa. Voltamos, escolhemos, comemos. Muito.
E o Ronaldo, com seu sorriso orgulhoso, contou detalhes da preparação da Copa de Lombo que "dormia" no limão.
Provamos extasiados. E a gente que pensa, depois de certa idade, que já sabe de todos prazeres da carne se surpreende quando vê que tem muito ainda a descobrir.
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