Sorriso 160

Eu ali parado namorando o São Jorge.
Branco e todo adesivado em pequenas flores de diversas cores.
Nunca tinha visto nada igual, tão lindo, tão pop, tão...
- Leva menino, tu já gostou mesmo...
E ela nem imaginava a minha personalidade fraca. D. Avany abriu a vitrine, retirou de lá o santo cuidadosamente e colocou a imagem nas minhas mãos.
Golpe certeiro.  Fingi pensar, avaliar o material e por fim disse de forma canastrona sem "emoção":
- Vou levar.
Ela mandou um sorriso de quem já sabia.
- No aeroporto eles cobram três vezes este preço. Mais alguma coisa?
E acabei com uma canga para moça que tinha perdido a sua, uma santa para o amigo, uma santa para minha mãe e um terço lilás pop lindão para a criança que está vindo por aí para me chamar de pai.
Preciso ensinar pra ela que mesmo que não queira acreditar é preciso saber rezar. Pra aquelas horas em que a coisa aperta.
O dia estava de um calor gostoso e D. Avany outra vez leu meus pensamentos.
- Se quiser terminar de dar seu passeio na volta já vai estar tudo embrulhado.
Combinado.
Fui, caminhei, mergulhei, cliquei e soube que era hora de voltar quando Jorge Ben começou a cantar no meu headfone:
“Jorge sentou praça na cavalaria... E eu estou feliz porque eu também sou da sua companhia...”
Tem dias de sincronismo. Ogunhê!