Sorriso 109
Todo dia que chego ele manda cântico arrumado.
- O único que é digno de receber, a honra e a glória, a força e o poder...
Jurandir com seu sorriso aberto quer me falar de Jesus.
Mal sabe ele, que eu e Ele, somos velhos conhecidos.
Afinal,pasmem, passei por quase todas as etapas do catolicismo.
E sempre de forma pitoresca.
Já na comunhão, segundo relatos dos meus padrinhos figuras, o Padre, de pilequinho pelo excesso de vinho e batizados, perguntou:
- Nome da criança?
- Marton...
Ele pensou, pensou e sentenciou:
- Isso não é nome cristão.
Impasse e tensão na Igreja da Penha. Os céus não estavam preparados para meu nome.
Depois de alguma reflexão a aprensão familiar o Padre solucionou:
- Perante Deus será Marton José!
Pois é. Tive que adotar este sobrenome para me livrar do pecado original.
Ou seja, quando eu bater com o talo na cerca e avistar São Pedro na entrada do paraíso já sei como me identificar.
Minha comunhão foi uma experiência a parte. Mosteiro do São Bento, gola me sufocando, calça apertando minha masculinidade, vela queimando minhas mãos.
Fora os Padres Beneditinos com seus rostos tensos e aquele ar de "eu sei o que você faz no banheiro".
Muita pressão para meus quinze anos. Resultado? Esqueci o que falava na hora de receber a hóstia.
E lá vinha ela se aproximando, colocada na boca de cada um dos moleques que me ladeavam. Eles respondiam algo inpercepitível, que nem consegui colar.
Minha vontade era sair correndo. E o medo de um raio me acertar antes de eu chegar na porta? Improvisei.
- Santificado seja o vosso nome... - Murmurei. E recebi a rodela branca. Ufa!
Tá bom, roubei. Mas é um trecho célebre de uma oração famosa.
Bem, pelo jeito que minha vida anda, funcionou. Afinal, o cara lá de cima tem sido muito bacana comigo.
E me vem o Jurandir cantando na cabeça:
- Ao Deus eterno imortal, invisível mas real...A ele ministramos o louvor!
É o sorriso nosso de cada dia.
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