O rosto branco, o óculos pretos, o casaco
prateado, as calças justas... Era ele.
Talvez não, não sei.
Mas que parece, parece. Ou não?
Se você está incrédulo, talvez sejam seus olhos que já perderam a fantasia e
seu ceticismo atrapalha um julgamento mais ponderado. Pensa bem. Olha o chapéu
e o sorriso no rosto. Só pode.
Tá na dúvida né?
Na década de 80, no finalzinho, fiz um show com ele.
Era a final do Miss Primavera no Liceu de Artes e Ofícios e meu começo de
carreira como produtor de eventos.
Foram dias árduos de ensaio, meninas de biquíni por todo lado, uma loucura para
meus hormônios, e o disco, sim o disco, do Duran Duran tocando nas alturas
fazendo a trilha das meninas desfilando!
Fizemos da quadra do colégio uma passarela e tínhamos até um refletor, arrumado
por um amigo do coração, Wesley, que já se foi.
Um sorriso inesquecível.
Tudo organizado, pensado, tramado, mas precisávamos de um ponto alto para o
encerramento.
E foi o show dele. Ele, com sua inseparável luvinha, cantou dois ou três hits
acompanhando o disco (era play back sim, e daí?) e em certo momento, no
encerramento apoteótico, lembro que toda equipe subiu ao palco junto com as
concorrentes e fizemos um coro dos mais lindos.
Essa última canção, a mais emocional, cantamos com as mãos para o alto, repetindo
o refrão que dizia “estaremos lá”, emocionados, num momento único para o show business
nacional.
Tá bom, talvez fosse na verdade um amigo, Claudio, que o imitava com
galhardia, dublando e dançando como se
estivesse incorporado.
Mas pode ter sido ele mesmo.
Dizem que anos depois voltou aqui na terrinha. Duvido que com o mesmo sucesso e
emoção daquela noite primaveril no melhor colégio da Praça Onze.
Naquele momento, ali, frente a frente com o mito pensei: será ele mesmo?
No fundo para o sorriso 171, tá de bom tamanho que seja.
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