Ele fez com a mão que vinha, mas nem veio. Passou ao largo.
O sol estava bom e o mar convidativo. As ondas lambiam a areia naquele lugar comum que só quem tem preguiça genuína explica.
Mesmo sem receber atenção nos sentamos.
- Ô meu bom!
Nada. Dessa vez nem olhou. E eu queria apenas um refrigerante. Afinal, tinha tudo preparado. Um bom livro, música nos ouvidos, a brisa soprando e tudo que se necessita para se ter muito planos e no fundo mesmo dar um bom cochilo ao sol.
- Ô parceiro!
Ele respondeu com um sorriso de “peraí” enquanto tirava o pedido da outra barraca.
Me distrai um minuto com a morena que ia dar seu mergulho de biquíni branco. Desculpa. Biquíni branco não tem como não distrair. Meu olhar se perdeu por ali, afinal, era muita coisa pra olhar. Quando procurei, ele já tinha sumido pra dentro do bar.
- Ô irmão!
Após gastar todo grau de amizade tive que apelar para a algum grau de parentesco pra ver se comovia. E até que funcionou e ele atendeu minha carência, simpático.
Fizemos o pedido. Fui mergulhar. Voltei doido por um gole e... Não tem coco... Tudo quente. Peraí, o livro, a música, a sombra, a brisa e não tem aquele coquinho geladinho? Bem, não por isso.
Foi ai que começou o inusitado. E juro que foi assim.
- Me traz uma H2O.
Ele foi, voltou, não tem.
- Me traz uma Coca...
Ele foi, voltou, acabou.
- Um chá de pêssego...
Ele foi e no meio do caminho, parou como se tivesse sido picado por um pensamento e voltou. Lembrou que não trabalhavam com isso.
Foi quando ele fez uma cara de sabido e fez um sinal com a mão para que eu aguardasse. Surgiu com uma cerveja, estalando de gelada.
Quem me conhece sabe que não bebo praticamente nada, principalmente cerveja. Mas ele me entregou a garrafa como quem entrega um filho.
- O sol tá pedindo... – Disse Romário, em meio a tantos dribles e uma finalização perfeita como esta, não poderia ter outro nome.
Mas com aquele sol, aquela inciativa, aquele sorriso, foi uma das cervejas mais gostosas que já tomei na minha vida.
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