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    Sorriso 176



    Brás de Pina fervia no carnaval da minha infância.
    Não é apenas um jogo de palavras. Mas o sentido literal também vale para a frase.
    Um calor que lembro como os de hoje. Só que mais quente, pois não existia ar condicionado em minha vida.
    A primeira recordação que tenho da festa da carne é essa. O sol com certeza era muito mais próximo à terra que hoje.
    A segunda talvez sejam os samba enredos. Mesmo não curtindo muito hoje acho que se tocar alguns dos sambas de 69 a 74 ou até mais um pouco, eu canto junto. Meu pai não perdia um disco de escolas de samba que tocavam, tocavam, tocavam, tocavam...
    Um dia, ganhei uma mascara do Capitão América. Era colocá-la e ninguém me reconhecia. Sério.
    E o bloco vinha pela Rua Tiboim e eu avistei da minha janela. Indócil nos meus 4 anos coloquei a máscara e pedi para descer.
    Minha mãe, experiente em carnavais, desceu junto.
    Na venda embaixo do prédio compramos um saco de confete e uns rolinhos de serpentina.  Os confetes tirei de letra e jogava com galhardia. A serpentina era uma ciência que levei mais alguns anos para dominar.
    O bloco chegou à frente de nosso prédio. Muitas cores, gente se divertindo horrores e muita marchinha maneira! Algumas enigmáticas.
    - Será que o Zezé é o que mãe?
    Para mudar de assunto, suponho, minha mãe me mostrou os bate-bolas, eram muitos. Coloridos, abrindo clareiras na multidão. E gigantes. Cada um devia ter uns 4 ou 5 metros de altura. As bolas, amarradas a cordas, faziam um som terrível ao baterem no chão. E soltavam faíscas, quase labaredas.
    Coloquei minha máscara de Capitão América. Eles tinham que respeitar.
    Mesmo sem camisa, apenas de short e congas no final das pernas magrelas, ali estava um super-herói.
    E um deles me avistou de longe com aquele rosto que não se movia. Soltou um uivo e veio em minha direção, rápido como meu pensamento.
    A bola bateu bem ao meu lado e quando vi já estava no colo da minha mãe.
    Chorei sim, e daí?
    Claro que minha mãe disse palavras belíssimas para o moço, algumas que eu nem imaginava o que eram, porém anos mais tarde muitas delas usei com bastante frequência nas tardes do Maracanã.
    Juro que até hoje não compreendo o carnaval.
    Não entenda como um juízo de valor ou julgamento. Não mesmo.
    Até porque acredito de verdade que a animação seja genuína, como a deste bobo da corte, feliz e cantante, que surgiu do nada, em meio a um bloco que apareceu de repente. E rápidos assim como vieram sumiram cantando e batucando nas ruas vazias daquela cidade enorme.
    Pena que a gente ia na outra direção. 

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