Sorriso 175

Vício.
Tenho alguns claros para mim como goiabada com queijo, jogar pelada em qualquer lugar ou horário, ver o Mengão ganhar...
Coisas que a gente vai cultivando, trazendo pra nossa vida e acabam virando manias.
E logo agora, após os quarenta, desenvolvo um novo, saboroso e especial vício: omelete e café com leite.
Isso se tornou um clássico, um rito, uma mania não sei quando, talvez pela minha descoberta que todo hotel se você pedir faz um omelete.
Parece lógico, mas, pelo menos pra mim não é.
Afinal, diante de um buffet farto pedir algo fora daquilo sempre me pareceu um contrassenso.
Um dia, observando outra mesa na mesa ao lado, num destes hotéis da vida, tomei coragem e pedi.
E quando o cara sabe fazer é uma viagem à parte.
Afinal, não basta apenas bater ovos, jogar presunto (ou salaminho) e queijo (prato, coalho, mozzarella, provolone dependendo da região do Brasil) e colocar na frigideira.
Não, tem que ter a manha da borda mais passadinha e o meio quase cru, o queijo se misturando com a gema... O pão molhado ali é um prazer inenarrável. A segunda etapa foi à descoberta do acompanhamento para a omelete.
Que também aprendi ser feminina, vindo do francês, talvez daí tanta sedução.
Para acompanhar passei por sucos de diversos, iogurte, até mesmo achocolatados e café puro. Nada.
E num dia destes, num bem básico daqueles que a gente acorda sem pretensões de mudar o mundo, servi um café com leite simples, morno e objetivo. Casamento Perfeito.
Até que...
- Aqui está... Com o meio molinho. – A moça com aquela indumentária mesmo em meio a um calor acachapante não perdia a pose nem o bom humor.
Ela mesma sorriu do “molinho” com aquele charme que só as baianas têm.
Oxe! Fiquei ali meio bobo, com minha omelete e aquele sorriso.
E comecei a duvidar se o café com leite é o melhor acompanhamento mesmo...