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    Sorriso 134




    Sorriso 134 . Ele me contou que nem sempre se pode ser profissional.
    Como o caso do senhor que ele levava, de tempos em tempos, para fazer uns exames.
    - Era toda semana, um sofrimento. 
    Mas ele parava o que estivesse fazendo para levá-lo. E não cobrava pelo relógio. Sairia muito caro segundo ele. 
    - Estas coisas nem precisa assinar papel. 
    Falava com orgulho da sua profissão e me perguntou o que eu fazia. 
    Levei uma boa parte da viagem explicando. As vezes até eu custo a entender as coisas que faço, de onde vem as idéias, o porque das idéias e motes. 
    Acho que no fundo ele não entendeu. 
    Me lembrou um taxista de Maceió, que perguntando o que eu fazia por aquelas bandas, eu expliquei.
    - Eu fiz o comercial de um lançamento imobiliário no Tabuleiro dos Martins...
    - Ah, eu vi o anuncio na TV.
    E me olhou algumas vezes pelo retrovisor intrigado. Até que não resistiu e mandou.
    - O senhor parecia mais magro na TV!
    Ai tive que explicar que escrevia os comerciais e não atuava. 
    Até hoje não tenho certeza se ele entendeu.
    Chegamos ao destino e pedi o sorriso ele.
    - Para que?
    Expliquei o inexplicável. Ele disse que continuava sem entender mas sorriu.
    Antes de desembarcar ainda o ouvi falando consigo mesmo.
    - Colecionar sorriso... Cada uma...
    Eu e minhas manias.





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