Sorriso 146
Nas madrugadas ele estava lá. Passo manso, jeitão na dele mas era só puxar um assunto que o Zé se revelava uma pessoa simpaticíssima.
Ele era o vigia da produtora e quem muitas vezes salvava a madrugada.
- Olha lá, fiz um café fresquinho.
E estavam salvas mais algumas horas da batalha contra o sono.
E o Zé tinha poderes ninjas. Sério.
Tarde da noite, na verdade madrugada, edição a todo vapor nas três ilhas, todos de olho no monitor quando sentimos a presença... Olhávamos sobre os ombros e ali na porta, aem ruído, onde antes não havia ninguém, estava o Zé ali parado observando nosso trabalho.
Note bem que é um processo que a primeira vista parece confuso pelo seu vai e volta, aparece aqui, surge ali, corta daqui pra ca.
Principalmente quando o diretor é chato, assim como eu.
Ele ali, qual tóten, observava com o olhar e aprovação e concordância.
Entre o susto e a graça eu dava um "boa noite".
Segundo depois eu ia perguntar algo do tipo: "Tá gostando?" e... Cadê o Zé? Sumiu.
Ninja, só pode.
Um dia tivemos a idéia de colocar uma menina para apresentar um de nossos quadros.
Não sei como surgiu o nome da neta do Zé. Uma graça.
E mais gracioso ainda foi quando o Zé, na madrugada, surgindo do nada na sua posição de sempre, viu sua neta ali naquelas pequenas "televisões".
Os olhos ganharam um brilho, um ar de orgulho e parecia um menino acompanhando a matéria.
A cada nova cena que ela aparecia, a cada nova frase, ele aprovava com a cabeça e parecia não caber em si de felicidade.
Depois, ainda o ouvi pelo corredor conversando com a filha ao telefone, mesmo aquela hora, todo coruja.
- Acabei de ver aqui. Ela tá muito linda...
Quando pedi seu sorriso e ele generoso me deu alguns sem querer saber por que, perguntei sobre o resultado da eleição e ele foi certeiro.
- Não tem jeito não, ele ganha. Apertado, mas ganha!
O Zé é desses. Que tem a sabedoria no sorriso da simplicidade.
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