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Tira uma foto da gente!
Era urgente, necessário, quase vital.
- Moço, tira uma foto da gente!
Correram, praticamente se atropelando. Eufóricas.
A estrada nos levaria a uma casa de doces de todos os tipos, formas, sabores e
culpas.
O ano ainda fresco se apresentava assim açucarado e confeitado de sorrisos.
A mais esperta fez pose e a maior sacudia e menorzinha para que colaborasse:
- Sorri menina!
Nada. O ano parecia apontar que nem tudo seria riso.
Peguei a estrada, depois outra, mais outras e depois mais algumas até voltar a
minha casa.
E assim como me deu sorrisos novos logo de cara o ano ontem me levou um
sorriso.
Um que conheci ainda mais menino que eu hoje. O mais novo dos tios, talvez o mais
risonho, o mais rubro-negro.
Não tem como lembrar de Bebeto sem ser sorrindo. Rindo. Voz rouca, pelo cigarro
traiçoeiro, mão pesada e carinhosa, emoção a flor da pele. Lindo.
E o ano levou.
Lembro que um determinado momento da vida, trabalhamos juntos numa empreitada
de um outro tio, o Antônio. E ríamos quase todos os dias.
Aprendemos juntos a função e levamos dias leves como amigos. Papo bom, muita
solda, ensinamentos e muito “arroz, feijão e uma farinha pra fazer o cimento”.
Aprendi a simplicidade e o valor do PF naquelas tardes.
- Se tiver muito taxista comendo, pode ir tranquilo...
Lição de vida. A gente sentava, olhava o cardápio e pedia o do dia.
Me tornei mais rubro-negro com ele. Com certeza. Acho que nossa paixão se
equivalia a ponto de brigar com o time, reclamar, jurar abandono e estar ali de
volta, vibrando a cada lance.
Lembrei da vez do moleque que foi numa reunião de família e ao arrancar um tufo de cabelos da minha perna por diversão parti para pegá-lo talvez num bons cascudos.
Tio Beto me segurou, sorriu e mandou:
- Você não pode. Perdi muito cabelo da perna nas tua mão... Você tem folha corrida.
E rimos. Pois é. Era a justiça cármica.
O detalhe do lance foi a sutileza de só ele ter visto. Ter feito a piada em particular. ótimo contador de histórias.
Lembrei da vez do moleque que foi numa reunião de família e ao arrancar um tufo de cabelos da minha perna por diversão parti para pegá-lo talvez num bons cascudos.
Tio Beto me segurou, sorriu e mandou:
- Você não pode. Perdi muito cabelo da perna nas tua mão... Você tem folha corrida.
E rimos. Pois é. Era a justiça cármica.
O detalhe do lance foi a sutileza de só ele ter visto. Ter feito a piada em particular. ótimo contador de histórias.
É. E esse ano bom levou o sorriso do Tio Beto.
Aqui vou tirando um pouco da tristeza, recuperando o ânimo e pensando que meu avô está em boa companhia. Cuidando de seu mais novo.
Aqui vou tirando um pouco da tristeza, recuperando o ânimo e pensando que meu avô está em boa companhia. Cuidando de seu mais novo.
Não vou dizer que me senti enganado, ou passado para trás pelas promessas da
foto aí de cima. Sei que de uma forma ou de outra novos sorrisos vão chegar novos
todos os dias. Depende da gente.
Mas, lembrei apenas da canção com Gal a todo vapor:
- É preciso estar atento e forte, não temos tempo de temer a morte.
Apenas aceitar. Porque onde quer que ele esteja com certeza é um lugar bem
bacana.
Com o sorriso que ele tinha, merece.
E se é pra ter trilha:
http://www.youtube.com/watch?v=X0vWr8LAuPM
E se é pra ter trilha:
http://www.youtube.com/watch?v=X0vWr8LAuPM
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