De longe eu a via atracada com o sorvete.
Não existia mundo ali por perto, ou crise, ou política, ou efeito estufa, só
ela e a bola marrom de chocolate.
E ela curtia como se não houvesse amanhã, ou hoje mesmo.
A mãe preocupada com a roupa repreendia:
- Já te falei pra não sujar a roupa!
O tom era muito acima. Muito.
Ela respondia a altura com uma pirraça bem feita e uma bocarra aberta que fingia choro e cessava com uma nova colherada.
O mundo era doce, gelado e confortável. Por vezes é assim.
O chocolate banhava boca, queixo, mão e ela não deixava nada escapar.
Depois de pagar a conta passei por perto e provoquei.
- Me da um pouquinho?
Ela olhou para mim, para o sorvete, tirou com a colher um pedaço generoso da bola e me encarou sorrindo monalisamente.
Me senti num daqueles filmes de bang bang, onde se pega os olhos dos dois pistoleiros no big close, cada um esperando o movimento do outro no detalhe. Corta pra um, pra outro, pra um, pra outro, pra um, pra outro, piscou, BANG!
A colher foi parar em sua boca. Ela riu-se com aquela crueldade gostosa e pura das crianças.
Pura covardia pois eu estava desarmado. Completamente.
Imagina o que vem por ai...
E ela curtia como se não houvesse amanhã, ou hoje mesmo.
A mãe preocupada com a roupa repreendia:
- Já te falei pra não sujar a roupa!
O tom era muito acima. Muito.
Ela respondia a altura com uma pirraça bem feita e uma bocarra aberta que fingia choro e cessava com uma nova colherada.
O mundo era doce, gelado e confortável. Por vezes é assim.
O chocolate banhava boca, queixo, mão e ela não deixava nada escapar.
Depois de pagar a conta passei por perto e provoquei.
- Me da um pouquinho?
Ela olhou para mim, para o sorvete, tirou com a colher um pedaço generoso da bola e me encarou sorrindo monalisamente.
Me senti num daqueles filmes de bang bang, onde se pega os olhos dos dois pistoleiros no big close, cada um esperando o movimento do outro no detalhe. Corta pra um, pra outro, pra um, pra outro, pra um, pra outro, piscou, BANG!
A colher foi parar em sua boca. Ela riu-se com aquela crueldade gostosa e pura das crianças.
Pura covardia pois eu estava desarmado. Completamente.
Imagina o que vem por ai...
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