Já falei de
sorte aqui e não me rogo em voltar ao tema.
Visto a cara de pau necessária para falar mais do mesmo, mas dessa vez é sobre a senhora que me perguntou enquanto eu aguardava a moça fazer sua aposta.
- O senhor não vai jogar?
- Não.
Silêncio. Ela olhou os bilhetes de aposta e voltou a me encarar.
- São 30 milhões! – Na verdade não sei se esta era a quantia exata, mas lembro de que ela encheu a boca para falar de tal forma que notei a ausência do branco dos dentes. Não havia nenhum por ali.
- Eu sei...
Ela balançou a cabeça com pequena indignação. Continuou ali pensando seus números enquanto eu continuava na espera da sorte alheia.
- São só 3 reais... – Na verdade não sei se este era o valor, mas recordo que ela voltava a carga pronta para não desistir.
- Moça, não sei o que fazer com 30 milhões. Não tenho ideia. Iria atrapalhar minha vida e eu ia me tornar mais procrastinador que sou. O pior: um procrastinador com 30 milhões! Eu ia comprar um monte de coisas inúteis, gastar com mulheres, doce e viagens para destinos estranhos. Ia gastar tudo fazendo filmes. Muitos. Levar uns dois anos em cada um e comprar meia dúzia de Oscars para todos. Fora meus credores que iriam sentir uma grande falta de mim. E com eles eu tenho um laço seguro, estável e sem erro.
Ao fim do meu monólogo psicótico ela me olhou serena de um jeito diferente e voltou a escolher seus números.
Não entendi muito bem aquela expressão e percebi a loteria que é um sorriso.
Surgiu uma cartela e fui obrigado a escolher dezenas, fazer cruzamentos, combinações e disfarcei para que ninguém notasse que eu fiz bolinhas aleatórias meio que fugindo do prêmio.
No final deu certo e o prêmio não veio.
Note bem que aqui não vai nenhuma nota de descontentamento ou um certo ar blasée em relação ao vil metal. Não.
Gosto de ganhar e gastar com coisas que gosto.
Mas não sei se me prendo a tantos “zeros”. Não me iludo com esta felicidade instantânea de alguns números e shazam! Acho bacana essa coisa ligada ao merecimento e não da sorte ou azar.
No mais, tô feliz, já ganhei muita coisa boa este ano.
E como diria um amigo meu que não jogava em raspadinha:
- Ganhar 1 real pra que? Você não pode gastar sua sorte com pouco...
Faz sentido.
Tive a curiosidade mórbida de ver que o prêmio saiu para alguém no interior de Goiás. Ou seja, os milhões não vieram para a senhora crédula.
Tomara que não esteja achando que aquele carioca falador deu um baita de um azar pra ela.
Pois na minha cabeça mesmo só ouço a voz suave do Celso Fonseca cantando:
- Meu amor, você me da sorte...
Visto a cara de pau necessária para falar mais do mesmo, mas dessa vez é sobre a senhora que me perguntou enquanto eu aguardava a moça fazer sua aposta.
- O senhor não vai jogar?
- Não.
Silêncio. Ela olhou os bilhetes de aposta e voltou a me encarar.
- São 30 milhões! – Na verdade não sei se esta era a quantia exata, mas lembro de que ela encheu a boca para falar de tal forma que notei a ausência do branco dos dentes. Não havia nenhum por ali.
- Eu sei...
Ela balançou a cabeça com pequena indignação. Continuou ali pensando seus números enquanto eu continuava na espera da sorte alheia.
- São só 3 reais... – Na verdade não sei se este era o valor, mas recordo que ela voltava a carga pronta para não desistir.
- Moça, não sei o que fazer com 30 milhões. Não tenho ideia. Iria atrapalhar minha vida e eu ia me tornar mais procrastinador que sou. O pior: um procrastinador com 30 milhões! Eu ia comprar um monte de coisas inúteis, gastar com mulheres, doce e viagens para destinos estranhos. Ia gastar tudo fazendo filmes. Muitos. Levar uns dois anos em cada um e comprar meia dúzia de Oscars para todos. Fora meus credores que iriam sentir uma grande falta de mim. E com eles eu tenho um laço seguro, estável e sem erro.
Ao fim do meu monólogo psicótico ela me olhou serena de um jeito diferente e voltou a escolher seus números.
Não entendi muito bem aquela expressão e percebi a loteria que é um sorriso.
Surgiu uma cartela e fui obrigado a escolher dezenas, fazer cruzamentos, combinações e disfarcei para que ninguém notasse que eu fiz bolinhas aleatórias meio que fugindo do prêmio.
No final deu certo e o prêmio não veio.
Note bem que aqui não vai nenhuma nota de descontentamento ou um certo ar blasée em relação ao vil metal. Não.
Gosto de ganhar e gastar com coisas que gosto.
Mas não sei se me prendo a tantos “zeros”. Não me iludo com esta felicidade instantânea de alguns números e shazam! Acho bacana essa coisa ligada ao merecimento e não da sorte ou azar.
No mais, tô feliz, já ganhei muita coisa boa este ano.
E como diria um amigo meu que não jogava em raspadinha:
- Ganhar 1 real pra que? Você não pode gastar sua sorte com pouco...
Faz sentido.
Tive a curiosidade mórbida de ver que o prêmio saiu para alguém no interior de Goiás. Ou seja, os milhões não vieram para a senhora crédula.
Tomara que não esteja achando que aquele carioca falador deu um baita de um azar pra ela.
Pois na minha cabeça mesmo só ouço a voz suave do Celso Fonseca cantando:
- Meu amor, você me da sorte...
Sorte é ter essa vida que temos... ou não?
ResponderExcluirSorte demais :)
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