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    Sorriso 209



    Um circulador de ar quebrado e eu acabei parando frente a frente com uma paisagem futurista.
    Ali, num balneário praiano, aquela imagem nada tinha a ver com o sal, a areia e a indolência que o calor nos oferece.
    Parecia algo saído de um dos fabricantes de replicantes do filme Blade Runner. Peças e mais peças de coisas. Muitas coisas.
    Coisas que só um olhar treinado pode identificar ao certo para que serve. Eu precisava de algo específico.
    O moço olhou e fez cara de “isso requer muita faculdade” e começou a catar a hélice que faltava ao circulador. A promessa de uma noite fresca sem suor ou mosquitos.
    Peças que faltam. Olhei para aquela bagunça, arrumada ali do jeito dele e lembrei das minhas. Muitas. Algumas já arrumadas. Outras em processo.
    Novas peças que chegam. Outros pedaços que ficam pela estrada. A gente vai se equipando e seguindo a viagem.
    Lembrei do armário que promete arrumação já tem uns 4 anos. Coisas ali que nem uso, nem vejo, nem toco e mesmo assim continuam ali guardadas.
    Escritos, fotos, papéis, contas, memórias, mágoas, raivas, amores... Tudo lá. Na maior bagunça.
    Quem nunca?
    Perto do meu armário, da minha cabeça e de algumas etapas da minha vida a oficina do cara era organizadíssima.
    Não achou a peça exata, porém uma que quase. Ele parecia que fazia uma alegoria a vida real furando aqui, apertando ali e adaptando acolá e fazendo com que esse pedaço que faltava encaixasse feito luva.
    Ligou na tomada e apontou o aparelho para mim. Um vento forte me fez ter a sensação de gaivota em meio ao mormaço.  A cabeça voava.
    Nos pedaços que ficaram, que não aceitei, que não quis mais, que troquei pois tinha vencido a garantia... Ou apenas aqueles arrancados de mim pra longe. Pois é. Nem sempre a gente escolhe e às vezes o universo assim o faz.
    - Se eu fosse pagar quanto seria? – Perguntei ainda curtindo o vento na cara.
    Ele sorriu. Aproveitei para roubar aquele momento.
    - 15 contos...
    Um custo benefício imenso. Decidi pensar que no próximo ano vou tentar ver por este prisma.
    Afinal, se a gente procurar direito acaba encontrando a peça certa. E, no fundo, no fundo, não custa quase nada tentarmos dar nosso jeitinho.

    ps.: ano que vem, arrumo esse armário. 

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