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    Sorriso 215



    Esse sorriso eu cliquei ainda quando colecionava apenas sorriso na cabeça.
    E na verdade não foi intenção. Era um teste de máquina, mas o cara é fotogênico, simpático, galã. Fotografa fácil. E sabe como lidar com a câmera.
    Trabalhou em rádio, TV, cinema, com astros da Tupi e da Globo.
    Aparece logo ali, no Dom Pedro com Tarcísio Meira, na primeira cena, roubando a tela, trazendo notícias para o Rei.
    Hoje Mauricinho se foi.
    Lembro que voltei de surpresa, morava em Aracaju e quis me dar de presente pra minha mãe no natal.
    Ao chegar na nossa casa, do meu avô tão nossa, lá em Niterói, ele me recebeu de braços abertos. Puxou cadeira, organizou o espaço, como se a casa também fosse dele. E assim foi se transformando. Parece que nos conhecíamos há tempos.
    Risonho como eu. Metido a engraçado como eu. Escritor como eu. Poeta como eu.
    E agora, com certeza anjo.
    Guardo a cara de todos naquele almoço de domingo nessa mesa que cada vez fica maior. Mais espaço em cada cadeira vazia nela.
    Mais de 20 anos daquele dia, daquele encontro. Daquelas polaróides que ficam na cuca e só melhoram com o tempo.
    Eu volto em outro Natal, esse de três anos atrás. Procurando o quadro, aguardando a luz do fim do dia e o Roque ali atrás aparece como um papagaio de pirata, nessa casa lilás que é tão boa de chegar.
    Esse sorriso eu escrevo nas lágrimas, lembrando apenas de coisas boas e que tudo tem um fim. E que Mauricinho, o Piauí, deu o melhor de si, sempre. Amou minha mãe e quis estar a seu lado até o último segundo.
    Deixei ele pra trás confiante que o abraçaria de novo, em meio a visita da saúde, como diria meu irmão.  Uma última piada. Um último gracejo.
    Mas não é um sorriso de morte. Note bem. É um sorriso de vida. Se dermos sorte, eu e você, teremos também mais de 80 anos de histórias para contar. De pessoas para conhecer.
    Quem sabe como ele, conversar com algum Drummond? Oscarito? Ou com a moça simpática que "conheci" naquela tarde de aniversário que atendi ao telefone:
    - O Maurício, por favor?
    - Quem deseja?
    - Raquel... Raquel de Queiroz...
    Imagina o meu sorriso recebendo este telefonema. E com a intimidade de amigos que eram. Aquela invejinha e a vontade de puxar assunto.
    E hoje, dia de copa, Mauricinho se foi.
    Recebi a noticia e vi que a hora da sua partida foi a mesma da minha insônia, do incômodo, do vira vira na cama.
    Agora, olho para ele aí, sorrindo, esperando um bom papo, um bom livro, um bom prato de arroz, um poema pra dizer...
    Também queria dizer alguma coisa pra ele e digo aqui. Posto aqui através desse sorriso.
    Pois me lembrei dessa foto como se fosse hoje. Um sorriso bom, né?
    Teu sorriso foi um dos melhores que conheci. Com certeza.
    Um sorriso leve, gostoso, sincero, bonito e coroado por esses olhos azuis que viam longe.
    Um sorriso que para mim, é para sempre. 

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