Sorriso 213

Não sei porque mas escolhi a volta pelo aeroporto mais distante.
Às vezes aquela pequena viagem antes da viagem fazia com que eu tivesse mais tempo de avaliar minha passagem ali pela cidade.
Cidade que desta vez não tinha sido nada gentil comigo. Apesar do sol que abriu durante algumas manhãs e o frio acolhedor a noite. O clima no geral não tinha sido nada bom.
Esperava o ônibus e ele de dentro do taxi branco me abordou.
- Te levo por 80...
O preço do ônibus é quase 40. Iria mais rápido, confortável e tranquilo. Fiz o que qualquer cara numa situação como a minha faria.
- Faz por 70?
Fechamos, embarquei e partimos. Ele estranhou a falta de uma mala mesmo.
Se ele imaginasse que em nenhuma mala caberia o que se passou naqueles dias.  Talvez numa gaveta ou lá no fundo do armário junto a outros esqueletos.
O telefone toca e me refugio ali, trabalho, contar a vida de outra, ver o que serve e o que não serve, brincar de Deus em 2 horas ou 100 páginas (uma média).
Desliguei e voltei ao banco de trás do carro do...
- Seu Toninho... Eu dirijo para muitos artistas.
E enumerou. Chitãozinho, Sandra de Sa, Faustão, algumas duplas que eu realmente não conhecia. Sacou dos seus guardados um álbum de fotos.
Ali Seu Toninho e um monte de famoso guardados cuidadosamente dentro de cada plástico. Muito bacana.
- A Rita Lee é uma grande pessoa... Trabalhei muito com ela. Muito. – Disse orgulhoso.
E por um momento me esqueci da cidade, do clima e de que havia jurado só voltar lá a trabalho. Nenhum motivo me traria de novo aquele local.
- Eu adoro o que faço... – Mandou Seu Toninho ainda mostrando o álbum com um sorriso aberto.
Viver é uma das coisas que mais curto fazer. E não é viver nababescamente.
É amar, arriscar, sentir, trocar, conhecer gente, cheiro, humor, cidades, climas, sorrisos.
Como decidir o que fazer e onde se a vida as vezes nos apresenta tantas outras esternas possibilidades.
Seu Toninho sabe das coisas.
Pois é. Eu também adoro o que faço.